08 setembro 2005

Sete de Setembro



De repente com este título, poderiam vocês pensar que vou aqui tecer comentários sobre patriotismo, sobre a crise política instalada no país. Engano Minhas Crianças, vou aqui descrever o que aconteceu durante o desfile na perimetral em Porto Alegre. Melhor vou aqui descrever o que aconteceu comigo.

Acordei cedo e me dirigi até o local do desfile. Estava ansioso, iria ver meu filho desfilando como cadete do exército. Durante muitos anos assisti este desfile, lembro até quando criança, morávamos no bairro da Glória e meu pai levava a mim e meu irmão para assistir o desfile na Av. João Pessoa. Tomávamos o bonde e muito cedo já estávamos a postos, sentados no cordão da calçada, esperando ansiosos o passar das tropas, veículos blindados, bandas marciais, era um dia muito especial para nós crianças.

Cresci, e o desfile permaneceu em mim como um compromisso e tudo fazia para assistí-lo. Casado, quando nasceu o “filhão”, também repeti a façanha e tal como meu pai levava-o para assistir o desfile. Colocava ele sobre os ombros pois assim o mesmo poderia ver melhor o marchar das tropas, os carros militares de sirene aberta, a cavalaria e quando os jatos da força aérea davam voos rasantes sentia ele, assustado, tremer todo o corpinho, mas ao mesmo tempo seguro em meus ombros.

Passado mais um tempo, Gustavo ingressou no Colégio Militar e então mais do que nunca, o Sete de Setembro tornou-se para mim uma obrigação assistir o desfile, pois lá estava meu filho desfilando. Preparava com carinho suas roupas, engomava sua túnica branca, lustrava seus coturnos e orgulhoso via passar pela avenida aquele menino.

Ontem Minhas Crianças, vi com um misto de alegria e tristeza o passar dos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras, pois entre eles, vindo do Rio de Janeiro estava meu filho, marchando com garbo, firmeza e determinação.

Alegria pois via que Gustavo estava realizando seu sonho de ingressar na vida militar, sonho este que perseguiu com determinação e muita dificuldades. Alegria e orgulho.

Tristeza pois num instante me senti desnecessário, meu filho não estava precisando mais de meus ombros para assistir o desfile, nem do meu abraço quando do rasante dos jatos, muito menos que arrumasse e preparasse sua farda. Meu filho estava totalmente independente.

Mas mais triste fiquei por não ter com quem compartilhar a alegria de ver meu filho desfilando, marchando entre os cadetes do exército brasileiro. Me senti muito só no meio de toda aquela multidão.

Pois é Minhas Crianças, mais triste do que não ter com quem compartilhar a dor, é não ter com quem compartilhar as vitórias, dividir a felicidade das conquistas.

Amo muito vocês Minhas Amadas Crianças, Carinho e beijos.

Posted by Miro @ 22:56

1 Comments

Anonymous Anônimo said...

É, miro. Ser pai é ajudar os filhos a fortalecer suas asas.; É ajudar a mostrar que o tamanho de suas conquistas é igual ao tamanho de suas vontades, e não do mundo. É acabar sofrendo ao vê-los voando cada vez mais longe, conquistando cada vez mais. Vem um misto de alegria, por vê-los bem, com a tristeza da nossa dispensabilidade.

13/9/05 14:33  

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"Se alguém te perguntar o quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo..." (Mário Quintana)

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