03 agosto 2007

Sem violência...



Como se educa sem violência
Dr. Arun Gandhi

O Dr. Arun Gandhi, neto de Mahatma Gandhi e fundador do MK Gandhi Institute, contou a seguinte história sobre a vida sem violência, na forma da habilidade de seus pais, em uma palestra proferida em junho de 2002 na Universidade de Porto Rico.


"Eu tinha 16 anos e vivia com meus pais, na instituição que meu avô havia fundado, e que ficava a 18 milhas da cidade de Durban, na África do Sul. Vivíamos no interior, em meio aos canaviais, e não tínhamos vizinhos, por isso minhas irmãs e eu sempre ficávamos entusiasmados com a possibilidade de ir até a cidade para visitar os amigos ou ir ao cinema.
Certo dia meu pai pediu-me que o levasse até a cidade, onde participaria de uma conferência durante o dia todo. Eu fiquei radiante com esta oportunidade. Como íamos até a cidade, minha mãe me deu uma lista de coisas que precisava do supermercado e, como passaríamos o dia todo, meu pai me pediu que tratasse de alguns assuntos pendentes, como levar o carro à oficina.
Quando me despedi de meu pai ele me disse:
"Nos vemos aqui, às 17 horas, e voltaremos para casa juntos".
Depois de cumprir todas as tarefas, fui até o cinema mais próximo. Distraí-me tanto com o filme (um filme duplo de John Wayne) que esqueci da hora. Quando me dei conta eram 17h30. Corri até a oficina, peguei o carro e apressei-me a buscar meu pai. Eram quase 6 horas.
Ele me perguntou ansioso:
"Porque chegou tão tarde?"
Eu me sentia mal pelo ocorrido, e não tive coragem de dizer que estava vendo um filme de John Wayne. Então, lhe disse que o carro não ficara pronto, e que tivera que esperar. O que eu não sabia era que ele já havia telefonado para a oficina. Ao perceber que eu estava mentindo, disse-me:
"Algo não está certo no modo como o tenho criado, porque você não teve a coragem de me dizer a verdade. Vou refletir sobre o que fiz de errado a você. Caminharei as 18 milhas até nossa casa para pensar sobre isso".
Assim, vestido em suas melhores roupas e calçando sapatos elegantes, começou a caminhar para casa pela estrada de terra sem iluminação.
Não pude deixá-lo sozinho...Guiei por 5 horas e meia atrás dele...Vendo meu pai sofrer por causa de uma mentira estúpida que eu havia dito.
Decidi ali mesmo que nunca mais mentiria.
Muitas vezes me lembro deste episódio e penso: "Se ele tivesse me castigado da maneira como nós castigamos nossos filhos, será que teria aprendido a lição?" Não, não creio. Teria sofrido o castigo e continuaria fazendo o mesmo. Mas esta ação não-violenta foi tão forte que ficou impressa na memória como se fosse ontem.
Este é o poder da vida sem violência".

Carinho e beijos Amadas Crianças...
Não se comportem e um excelente findi.
Miro

Posted by Miro @ 01:09

4 Comments

Blogger Neusa said...

Linda esta história e de fato é mais fácil mexermos com o coração da criança do que com o físico.Mas tem que começar desde cedo.
São lindos estes textos. Estão me trazendo muitas lições.
Um beijão Neusa

4/8/07 17:36  

Anonymous Anônimo said...

Taí ! Gostei ...Deveríamos pensar mais antes de agir e agir com sabedoria ! tenho tido lições disso aqui em casa ...Prova ao vivo e a cores !!!
Bjus

4/8/07 23:15  

Blogger biapedag.blogspot.com said...

Oi, Miro! Curiosamente, cheguei aqui. Através das idéias e reflexões que a Neusa nos apresenta me tornei fã do blog desta minha colega querida. Hoje, cheguei. Vou ler com carinho as tuas postagens pois percebo que vêm ao encontro de algumas de minhas inquietudes. Abraços.

5/8/07 13:50  

Blogger biapedag.blogspot.com said...

rs Oi, Miro! adorei tua visita. Caso não tenhas percebido, a mensagem no blog da Neusa foi postada por mim. Acredito sim que devemos falar, gritar...fazer o que nos cabe para transformar esse país "encharcado na corrupção" em um lugar digno . Mas também sei, que precisamos planejar nossas ações, observar atentamente... Na verdade, por vários motivos, estou neste momento...mas acredite, é bem como o título da postagem indica "Por enquanto..." Bjs.

6/8/07 12:28  

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"Se alguém te perguntar o quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo..." (Mário Quintana)

CIÚMES
"Que incoerência, que insistência
Ciúmes do meu corpo da adolescência
De minha alma, que o tem da experiência
Que o corpo tem de vivência.
Vá entender esta impertinência"
(Miro)