23 setembro 2007

VIVER NÃO DÓI






Carlos Drummond de Andrade




Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadase não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Sofremos por quê?Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrerpelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendoconfiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.Como aliviar a dor do que não foi vivido?A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.


A dor é inevitável.O sofrimento é opcional




Carinho e beijos e uma maravilhosa semana....


Miro

Posted by Miro @ 20:26

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"Se alguém te perguntar o quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo..." (Mário Quintana)

CIÚMES
"Que incoerência, que insistência
Ciúmes do meu corpo da adolescência
De minha alma, que o tem da experiência
Que o corpo tem de vivência.
Vá entender esta impertinência"
(Miro)